domingo, 7 de junho de 2009

Despertar
O barulhinho de besouro espremido contra a madeira que faz o meu celular, em cima da cômoda do quarto, me desperta no tranco e me coloca sentado na beira da cama, feito João Bobo, o suficiente para o braço alcançar o aparelho e travá-lo.
6:30
Os quartos do Edu e da Isa estão lado a lado. O toque de alvorada começa para os dois com: Eduuuuuu! E vai pro: Iiiiisa! com a mesma intensidade e desejo de que levantem ao primeiro chamado.
Desejo.
A Isa começa o seu ritual de senta-deita e o Edu de cobre-descobre com o lençol.
Antes de iniciar o segundo tempo de chamadas, dou enter no meu outlook e tomo meu antidepressivo de todas as manhãs.
Pergunto-me se um antiestresse vem a calhar.
Eduuiiiiiiiiisa! Levantem, já são 10 prassete!
Alguns movimentos e barulhos típicos dão sinais de que vão levantar. Já ouvi uma descarga e o bater de uma porta do guarda-roupa.
Leio os e-mails. Trocentos da Nena. Putz, será que todo mundo só sabe encaminhar? É anexo dentro de anexo.
“Eduisa, vocês estão prontos?”
“Não sei onde está o meu tênis, pai! Vê na área de serviço! Busca pra mim, pai.” Responde Edu. “Tô indo pai!” Grita a Isa.
“Você quer o Nescau, Edu?” Demora um século para dizer sim. Na mamadeira, é claro.
Aliás, esta é uma das razões para eu acreditar em DNA. Eu me lembro que aos sete anos mudei do subúrbio pra casa da minha vó no centro da cidade, fazendo o trajeto em cima do caminhão de mudanças, agarrado à minha mamadeira.
É provável que a insistência das famílias para que os filhos largassem este “feio” hábito, tinha muito mais a ver com o fato de que, naquele tempo, não havia microondas. Devia ser um saco fazer três mamadeiras de mingau ao dia no forno a lenha.
Hoje, o papai aqui, leva 60 segundos para preparar a dita cuja. Exceto quando o Edu implica que está muito ou pouco quente.
Aí é micro again.
A Isa vai fazer 14 anos e não sabe o cheirinho do café puro e o que é comer um pãozinho quentinho ao amanhecer. O Edu, tirante o Nescau, passa em branco.
Os dois levam dinheiro pro lanche e Edu, uma garrafinha com água.
Suco, segundo ele, faz mal.
Ninguém me perguntou, mas a Rose, minha mulher, e o Ted, o York da casa , estão dormindo. Ainda.
Descemos as escadas do prédio porque o elevador é lento e nós somos mais rápidos.
Baita lógica.

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