sábado, 13 de junho de 2009

Adoro

Armando Manzanero

Adoro la calle en que nos vimos,

la noche cuando nos conocimos.

Adoro las cosas que me dices,

nuestros momentos felices, los adoro, vida mía.

Adoro la forma en que sonríesy

el modo en que a veces me riñes.

Adoro la seda de tus manos,

los besos que nos damos, los adoro, vida mía.

Y me muero por tenerte junto a mí,

cerca, muy cerca de mí, no separarme de ti.

Es que eres mi existencia, mi sentir,

eres mi luna eres mi Sol, eres mi noche de amor.

Adoro el brillo de tus ojos,

lo dulce que hay en tus labios rojos.

Adoro la forma en que me besasy hasta cuando me dejas yo te adoro, vida mía,

yo te adoro, vida mía.

domingo, 7 de junho de 2009

Despertar
O barulhinho de besouro espremido contra a madeira que faz o meu celular, em cima da cômoda do quarto, me desperta no tranco e me coloca sentado na beira da cama, feito João Bobo, o suficiente para o braço alcançar o aparelho e travá-lo.
6:30
Os quartos do Edu e da Isa estão lado a lado. O toque de alvorada começa para os dois com: Eduuuuuu! E vai pro: Iiiiisa! com a mesma intensidade e desejo de que levantem ao primeiro chamado.
Desejo.
A Isa começa o seu ritual de senta-deita e o Edu de cobre-descobre com o lençol.
Antes de iniciar o segundo tempo de chamadas, dou enter no meu outlook e tomo meu antidepressivo de todas as manhãs.
Pergunto-me se um antiestresse vem a calhar.
Eduuiiiiiiiiisa! Levantem, já são 10 prassete!
Alguns movimentos e barulhos típicos dão sinais de que vão levantar. Já ouvi uma descarga e o bater de uma porta do guarda-roupa.
Leio os e-mails. Trocentos da Nena. Putz, será que todo mundo só sabe encaminhar? É anexo dentro de anexo.
“Eduisa, vocês estão prontos?”
“Não sei onde está o meu tênis, pai! Vê na área de serviço! Busca pra mim, pai.” Responde Edu. “Tô indo pai!” Grita a Isa.
“Você quer o Nescau, Edu?” Demora um século para dizer sim. Na mamadeira, é claro.
Aliás, esta é uma das razões para eu acreditar em DNA. Eu me lembro que aos sete anos mudei do subúrbio pra casa da minha vó no centro da cidade, fazendo o trajeto em cima do caminhão de mudanças, agarrado à minha mamadeira.
É provável que a insistência das famílias para que os filhos largassem este “feio” hábito, tinha muito mais a ver com o fato de que, naquele tempo, não havia microondas. Devia ser um saco fazer três mamadeiras de mingau ao dia no forno a lenha.
Hoje, o papai aqui, leva 60 segundos para preparar a dita cuja. Exceto quando o Edu implica que está muito ou pouco quente.
Aí é micro again.
A Isa vai fazer 14 anos e não sabe o cheirinho do café puro e o que é comer um pãozinho quentinho ao amanhecer. O Edu, tirante o Nescau, passa em branco.
Os dois levam dinheiro pro lanche e Edu, uma garrafinha com água.
Suco, segundo ele, faz mal.
Ninguém me perguntou, mas a Rose, minha mulher, e o Ted, o York da casa , estão dormindo. Ainda.
Descemos as escadas do prédio porque o elevador é lento e nós somos mais rápidos.
Baita lógica.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

The good, the bad and the ugly



Trilha sonora do filme

terça-feira, 2 de junho de 2009

Paulinho da Viola, o filósofo do samba
Por Regina Carvalho

Não serei original: Paulinho foi um rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar...

Como resistir à voz doce, ao jeito manso, aos sambas cheios de reflexão? Quando ele diz: "tá legal, eu aceito o argumento /mas não me altere o samba tanto assim..." [Argumento] vejo que além de tudo é coerente, cuidou de manter seus sambas no que acreditava ser o ideal, e traz neles muita reflexão sobre a vida, o amor, a amizade.

Até quando pisa na bola Paulinho é genial. Uma vez amigo mangueirense lhe pediu um samba pra Mangueira. E ele fez. A bronca de seus companheiros da Portela foi terrível, mas a canção está entre as mais bonitas do cancioneiro nacional:" Vista assim do alto /mais parece o céu no chão..." E vai me criar alguns versos eivados dessa filosofia simples e acertada que é sua característica principal: " (...) a vida não é só isso que se vê/ é um pouco mais/ que os olhos não conseguem perceber / as mãos não ousam tocar / e os pés recusam pisar./Sei lá, não sei..."[Sei lá,Mangueira]

Um de seus sambas inovou, propondo um diálogo entre dois amigos, cada um isolado em seu carro, que se reencontram em um sinal : " - Olá,como vai? - Tudo bem, eu vou indo, e você? - Tudo bem eu vou indo em busca de um sonho perdido, quem sabe..." Esta canção, chamada Sinal Fechado, faz mais do que falar do isolamento humano, da dor de se perder os amigos pelo caminho, e encontrar assim, de repente, em momento em que o contato não é mais possível. Tornou-se ainda um dos símbolos do que era viver sob uma ditadura militar, com todos os sinais sempre no vermelho.

Fico indignada quando me perguntam, de qualquer compositor de que eu goste, qual é minha canção favorita. Quando se conhece bem a obra, todas são especiais, significativas, representativas de fases do autor, de momentos de sua vida ou da vida do país.

Há aquelas, porém,que nos DIZEM mais, que nos tocam mais de perto, aquelas que faríamos, se pudéssemos, se o dom nos tivesse sido concedido. Da obra de Paulinho, essas especiais são duas: Coisas do mundo, minha nega, e Para um amor no Recife.

Na primeira, os fatos do cotidiano que colocam o compositor diante dos mistérios da vida. E ele fecha de maneira magistral:

"Hoje eu vim,minha nega Sem saber nada da vida Querendo aprender contigo As formas de se viver As coisas estão no mundo, Só que eu preciso aprender...

"E, na segunda, declaração de amor para ninguém botar defeito:

"A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor
Meu amor, eu não me esqueço
Não se esqueça, por favor
Que voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo este tempo passe
Para beijar você"